2024: o ano em que entrei na caverna
Fugir das redes me libertou. Mas também me aprisionou.
Estafa mental, cansaço, esgotamento — foi onde cheguei no fim de 2023.
E não era aquele cansaço comum, resolvido com um fim de semana de descanso.
Até ali, foram 5 anos de produção intensa no LinkedIn. Cinco anos de presença digital, negócios, estratégias, entregas. Cinco anos sem desacelerar.
Era um desgaste acumulado se arrastando silenciosamente até o momento em que tudo desmoronou.
Some esse desgaste ao peso mental do fim de uma sociedade (agência de influência focada no LinkedIn).
Investi tudo ali e demorei para perceber que apostei alto demais em um modelo de negócio que, no fim, não fazia sentido para mim.
Então, veio o golpe final.
Meu perfil do LinkedIn foi hackeado e chegou a sair do ar.
Uma semana de incerteza total, certo de que havia perdido tudo o que construí em cinco anos, e com o sentimento que, por mais que eu tivesse me dedicado, bastava um detalhe fora do meu controle para tudo ruir.
Por muito tempo, o LinkedIn foi minha segunda casa. Ali, eu senti que me expulsaram dela.
As últimas gotas pingaram e o copo transbordou.
Eu precisava de um tempo.
Sem a obrigação de estar presente nas redes. Sem a pressão de continuar produzindo. Sem o peso de ter que provar algo para alguém.
Eu via a Luísa, minha namorada, navegando no Instagram para abstrair no fim de semana e só conseguia me perguntar:
— Como seria minha vida se eu não tivesse a obrigação de estar presente em redes sociais?
Foi aí que um convite inesperado apareceu: assumir a coordenação de marketing em uma das maiores startups do Brasil. Por coincidência, uma startup onde um grande amigo meu havia trabalhado como CTO nos primórdios.
E também uma startup que tem como CMO uma das minhas principais referências no marketing brasileiro hoje.
Era a oportunidade perfeita para me recolher.
Para criar nos bastidores. Para construir sem a necessidade de me expor.
E foi isso que fiz em 2024.
Me recolhi e foquei 100% naquele único trabalho — me tornei um arquivo da firma.
Foi um ano de aprendizado intenso, de crescimento e da liberdade que eu precisava.
Pela primeira vez em anos, eu não precisei me preocupar em manter a presença digital. Eu pude focar em fazer, sem precisar mostrar.
Até que...
Chegou um momento que isso também perdeu o sentido.
Depois de um período fantástico tendo interface direta com as principais lideranças da empresa, a estrutura do time mudou.
Minha autonomia diminuiu.
Minhas ideias perderam espaço.
Aos poucos, fui me tornando um mero coordenador e executor de tarefas.
Sem espaço sequer para questionar se o próximo passo fazia sentido.
Fugir das redes me libertou, mas também me aprisionou. E uma nova pergunta começou a martelar na minha cabeça:
E se eu voltasse?
Se você conhece a Jornada do Herói, provavelmente se lembra da etapa de Aproximação da Caverna Secreta.
É o ponto da jornada que uma pausa é necessária e o protagonista se recolhe em um esconderijo, para retornar aos seus questionamentos iniciais que o impediam de iniciar sua jornada.
Quando decidi que era a hora de voltar, não foi para "continuar de onde havia parado".
Foi para reconstruir.
Não para reviver o passado, mas para criar algo novo — com mais clareza e um entendimento do que realmente faz sentido para mim.
Uma clareza que só essa pausa poderia me proporcionar.
Porque às vezes, o maior aprendizado não está em avançar sem parar, mas em saber quando parar para encontrar um novo caminho.
E agora, eu sabia exatamente para onde queria ir.
Se toda grande jornada tem sua caverna, era hora de sair dela.
PS.: me tornei um hater declarado do “vem aí”.
Então, prefiro trocar para o “veio aí”.
Quando estruturei meu retorno, desenhei ele em fases e, se tudo der certo, tô quase fechando a 1ª fase.
Logo te conto mais detalhes sobre ela.
Um abraço e até breve,