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A call que me lembrou por que amo contar histórias 📹
A história que o rótulo não conta
A criança berrava.
Não era choro de manha, nem birra por chocolate.
Era aquele choro furioso, com o rosto vermelho e o corpo todo tenso, como se o mundo tivesse se recusado a obedecer.
E, de certa forma, tinha mesmo.
Ela segurava uma peça de brinquedo rachada no meio — dessas de encaixar formas geométricas.
Tentou colocar o círculo no buraco do triângulo. Forçou. Apertou. Forçou de novo. Até que a peça quebrou.
E ela também.
Nunca ouvi falar de uma criança que ficasse feliz quando o círculo não entra no buraco certo.
Parece um erro infantil, tentar encaixar uma peça onde ela não se encaixa de verdade, mas fazemos isso o tempo inteiro na vida adulta.
Podemos falar de muitas fórmulas, de muitos hábitos e muitos vícios que são verdadeiros “círculos no buraco do triângulo”.
Entre todas essas peças, tem uma que virou vício narrativo.
A Jornada do Herói
É linda no papel, tem nome de saga épica, um carimbo de "universal" que conforta os indecisos e uma estrutura de 12 passos que parece feita sob medida pra quem adora checklist.
E sim, ela funciona.
Star Wars e Harry Potter não me deixam mentir.
Mas a questão é: ela funciona pra todas as histórias?
Porque tem um “chamado à aventura” que ninguém ousa questionar. Mas talvez seja hora de fazer isso.
Se você usar os arquétipos de Jung como base, o Herói é só um entre doze.
Então, o problema começa quando a gente trata um arquétipo como se fosse a essência de todos.
Quando o único personagem autorizado a narrar uma jornada é aquele que volta transformado.
E o resto?
O Bobo, o Amante, o Sábio, o Forasteiro, o Rebelde, a Mãe?
Viraram figurantes em suas próprias histórias.
Já vi gente tentar encaixar sua vivência de burnout como se fosse o clímax de um épico.
Já vi gente forçar um “mentor” na própria trajetória só porque disseram que precisava ter um.
Já vi histórias reais serem maquiadas até perderem a essência — tudo para parecerem inspiradoras.
E, no fim, ficaram só genéricas mesmo.
O que era pra ser humano virou fórmula
Às vezes, a história que você precisa contar não tem chamado à aventura.
Você pode até torcer para que tivesse um mentor, mas, tem vez que é você no fundo do poço e só — sem ninguém pra te estender a mão.
Tem silêncio, dúvida, tentativa que falhou e que não rendeu aprendizado algum.
Tem círculo tentando entrar no buraco do triângulo, apesar da consciência de que não vai caber.
Não sei você, mas eu desconfio de toda fórmula que se vende como única.
Porque as melhores histórias não precisam obedecer fórmulas prontas.
Até podem, mas não precisam.
Precisam de verdade, de conflito real, ou de uma contradição que incomoda mais do que resolve.
Porque confiar apenas na Jornada do Herói pra toda história é como um eletricista que resolve todo problema com fita isolante.
Fio desencapado? Fita.
Tomada queimada? Fita.
Disjuntor desarmando? Fita de novo.
Por mais que uma bela gambiarra com fita isolante possa resolver muitas vezes, ela não foi feita pra tudo.
Tem hora que você precisa de alicate, chave de teste, conhecimento de instalação e, principalmente, de bom senso quando o problema exige outra abordagem.
Com storytelling, é a mesma coisa.
A Jornada do Herói é uma ferramenta. Só isso.
Quando você trata como solução universal, vira gambiarra.
E o risco da gambiarra é o mesmo: ela mascara o problema real.
Maquia a história e pode deixar até “bonita no post”, mas vazia de sentido.
Quando a fita isolante não dá conta, a gambiarra pega fogo.
O vértice do quadrado se quebra.
E o que sobra é uma versão pasteurizada e genérica do que, um dia, foi sua história.
Não por falta de verdade, mas por insistência em usar sempre a mesma ferramenta.
Por falta de repertório.
E por falta de alguém que diga pra criança furiosa — aquela que a gente ainda é, de vez em quando — que o buraco do triângulo não é o único caminho.
Que existem outras formas, outras peças, outras possibilidades.
E que o que disseram ser a única saída, talvez fosse só uma embalagem bonita para uma mentira repetida demais.
Na dúvida, guarde a fita isolante.
E tente outra forma.
Nem toda história precisa de um sabre de luz
Vai ser difícil fazer outra estrutura se tornar tão popular quanto a Jornada do Herói. Mas, se dependesse de mim, existe outra estrutura que considero MUITO mais versátil.
Especialmente para profissionais criativos.
A mais nova atualização do curso de Escrita Criativa & Storytelling é justamente uma videoaula explicando essa nova estrutura nos mínimos detalhes.
Decidi liberar essa aula de graça para você que me acompanha por aqui.
Ela vai te ajudar a construir uma narrativa que não exige mentor nem retorno triunfal.
Que funciona onde a Jornada do Herói falha — e explica como Let it Go, de Frozen, combina perfeitamente com o Coringa.
Parece absurdo, mas não é coincidência.
Se quiser entender como essa estrutura funciona — e por que ela pode ser o fio que faltava entre o que você viveu e o que você ainda não conseguiu contar…
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Depois me conta o que achou :)
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Com ele, você terá a caixa de ferramentas completa — com Jornada do Herói, outras 3 estruturas e o mais melhor: os princípios e técnicas mais importantes para contar boas histórias.
Para que você não dependa mais de “fórmulas prontas” e nunca mais tenha que brigar para “encaixar o círculo no triângulo”.
Um abraço e até a próxima,