Uma aula de Storytelling para quem tem estômago
True Crime: precisamos mesmo revisitar essas histórias?
Com 5 dias no ar, “Dahmer: Um Canibal Americano” bateu "Round 6" e se tornou a estrteia de série mais assistida na Netflix. Além de ser a maior atração da plataforma de streaming desde a 4ª temporada de Stranger Things.
É revoltante, é pesada, mas, se você tiver estômago para passar pelos primeiros episódios, vai ser difícil parar de assistir — mesmo sabendo que todas as respostas já estão no Google.
No artigo de hoje, vamos falar sobre os principais acertos na construção da narrativa de Dahmer, especialmente considerando que é uma história contada e recontada várias vezes entre filmes, documentários e séries — 10, no total.
Prefiro ler no blog (dimitrivieira.com)
Precisamos mesmo revisitar tantas vezes histórias como essas? Ou seria melhor deixá-las cair no esquecimento?
Antes da série da Netflix, eu ainda não conhecia Jeffrey Dahmer. Mesmo com todos os shows que foram criados antes.
Enquanto assistia, a série me prendeu demais e, pela perspectiva de narrativa, ela é maravilhosa. Mas passei a me perguntar muito se ela deveria existir.
Quando a Netflix resgata uma história desse gênero, podem até dizer que o objetivo é levantar a discussão, não deixar as vítimas serem esquecidas e tentar garantir que situações horrorosas como essas não voltem a acontecer.
Mas meu palpite é que estão olhando mesmo é para as métricas de audiência.
Tanto que, enquanto escrevo esta edição da newsletter, estreia na Netflix “Conversando com um serial killer: O Canibal De Milwaukee” — uma nova série sobre Dahmer, dessa vez em formato de documentário.
Esta, farei questão de não assistir. Especialmente após ler o comentário de Eric Perry, primo de Errol Lindsey (vítima de Dahmer), sobre “Dahmer: Um Canibal Americano”:
"Minha família descobriu ao mesmo tempo que todo mundo. Quando eles dizem que estão fazendo essas produções 'com respeito às vítimas' ou 'honrando a dignidade das famílias'... ninguém entra em contato conosco. Meus primos acordam quase todos os meses com ligações e mensagens dos parentes, e é assim que descobrem que um novo show sobre Dahmer está para sair. É cruel."
Tem tudo a ver com a sociedade da espetacularização, que foi o tema principal algumas edições atrás.
Para mim, uma vez foi o bastante.
Por que estamos obcecados com True Crime?
Para estender mais essa discussão, o Braincast tem um episódio inteiro dedicado a ela.
Em vez de Dahmer, o foco é “Pacto Brutal” e também um pouco “A Mulher da Casa Abandonada”. Além de contar com breve participação de Ivan Mizanzuk, famoso por “O caso Evandro - Projeto Humanos”.
Vale uma dica bônus de série?
Essa eu me arrisco a indicar sem ter visto um episódio sequer e faço questão de te avisar isso, porque não trabalhamos com migués por aqui.
Estreia hoje na Netflix a nova produção de Mike Flanagan: O Clube da Meia-Noite.
Essa é a quarta produção dele na plataforma de streaming, depois de:
Maldição da Residência Hill;
Maldição da Mansão Bly;
Missa da Meia-noite.
Dessas três, “Maldição da Residência Hill” e “Missa da Meia-noite” entraram para minhas séries preferidas e até escrevi artigos de análises sobre elas:
Maldição da Residência Hill: uma obra prima e uma verdadeira aula de Storytelling em forma de série;
Missa da Meia-Noite: uma aula surreal de Storytelling construída com sutilezas e toques de terror.
Após explorar o terror psicológico em Missa da Meia-noite, a nova produção parece ir mais para o lado do terror clássico mesmo. Então, é capaz até de meter medo.
Só sei que boa parte da programação do meu fim de semana já tá resolvida.
Não me decepcione, Mike Flanagan.
Uma agulha no palheiro em versão multimídia
"Do Lixo a Paris" é o nome do futuro livro de Dirlene Silva e, nessa entrevista para Luis Claudio Allan da People2Biz, ela conta sobre sua trajetória inspiradora.
Hoje, a Dirlene é um dos maiores nomes no Brasil quando o assunto é economia. Talvez, até mesmo o maior nome entre mulheres negras economistas.
Não vou dar muitos spoilers, mas vale reforçar a introdução do próprio Luis Claudio:
“Ela carrega uma lista interminável de crachás, mas o que mais tem orgulho em ostentar é o de ‘filha de faxineira’, (…) saiu da periferia de Porto Alegre para se tornar uma das mulheres negras brasileiras mais influentes no mundo corporativo e estudar na França.”
E para conhecer melhor a história da Dirlene, você ainda pode escolher seu formato preferido:
Como assim “uma agulha no palheiro”?
É bem comum vermos criadores de conteúdo reclamando do alcance e da qualidade dos conteúdos do LinkedIn. Tanto que, ironicamente, reclamar do LinkedIn se tornou um nicho bem popular por lá. Então, trago essa seção sempre que possível, para compartilhar um conteúdo que seja uma verdadeira agulha no palheiro.
Um abraço e até breve,