A verdade por trás dos olhos de Marlon Brando
O significado é uma ilusão. Ou talvez não.
Você não consegue ver a Califórnia sem os olhos de Marlon Brando.
Parece uma reflexão profunda?
Algo sobre perspectiva, sobre ver além do óbvio, sobre entender um lugar não apenas com os olhos, mas com a alma.
Poderia ser uma citação filosófica, um enigma existencial, uma grande homenagem a um dos maiores atores de todos os tempos.
Ela se tornou um trecho icônico da música Eyeless, do Slipknot, que fala sobre temas pesados: abandono paterno, instabilidade emocional, paranoias e vícios.
“Você não consegue ver a Califórnia sem os olhos de Marlon Brando” é gritado várias vezes no refrão e rende um baita momento no show da banda.
Me parecia uma carga poética tão forte que essa frase deveria esconder um significado profundo.
Poderia jurar que tem a ver com vícios, com não conseguir enxergar a realidade sem o filtro de alguém que já passou por aquilo. Poderia ser sobre Hollywood e a ilusão do sucesso, sobre como você só entende a Califórnia se olhar com os olhos de alguém que já esteve no topo — ou no fundo do poço.
Talvez fosse sobre como tentar entender a fama sem ter experimentado o peso dela. Ou como achar que sabe o que é a vida de um astro sem sentir a pressão constante da expectativa e da decadência sempre à espreita.
Mas sabe de onde veio essa frase?
De um morador de rua aleatório gritando no meio das ruas na Califórnia.
O vocalista Corey Taylor conta que ele e outros membros da banda ouviram o cara repetindo isso no meio da rua, e decidiram colocar na música.
Sem explicação. Sem significado oculto. Apenas pelo impacto sonoro.
Não sei você, mas eu tenho uma certa obsessão por encontrar significado e por criar com significado.
Já perdi (investi?) horas, dias, semanas refinando detalhes de uma ideia até a exaustão.
Deu certo? Muitas vezes, sim.
Mas e aquelas ideias que vieram cruas, sem esforço, sem lapidação? Algumas delas se provaram mais fortes do que qualquer conceito refinado.
E talvez esse seja o ponto.
Às vezes, a gente se esforça tanto para encontrar o sentido das coisas que esquece que o impacto nem sempre vem do significado, mas da força com que algo nos atinge.
Nem tudo precisa ser explicado.
Nem tudo precisa ser polido.
Quem elucubra1 demais, cria de menos.
Quando reparo que estou obcecado demais com uma única ideia a ponto de travar a execução, me lembro dos olhos do Marlon Brando — e como não consigo ver a Califórnia sem eles.
E lá vou eu criar um significado pra algo que não tinha significado… de novo.
Um abraço e até breve,
Nós temos uma palavra maravilhosa que pode substituir overthinking e isso precisa ser mais disseminado. Sem elucubrar sobre o significado dela.