Edições anteriores da Escreva sua Marca:
Vale a pena apostar todas suas fichas em um “viral”?
Qual é a minha idade mesmo? (31 batendo na porta e uma sátira genial)
“Você deve estar sofrendo”.
Foi o que escutei de uma amiga do RH nos tempos de CLT quando contei orgulhoso que meu perfil era Planejador, Executor e Analista — segundo um teste que não me lembro mais o nome.
Ironicamente, o único que não apareceu na época foi Comunicador.
Quando escutei isso dela, não ousei perguntar o motivo. Talvez por medo da resposta, talvez porque não éramos tão próximos assim também.
Simplesmente ri da mesma forma sem graça que teria rido de uma piada que já conhecia, para reagir de forma educada e transparecer menos que não sabia o que dizer.
Hoje, entendo bem o motivo.
Talvez, você nem tenha reparado, mas duas semanas atrás não tivemos nosso encontro semanal por aqui.
Tirei um tempinho para limpar a cabeça de projetos em aberto que cheguei a começar, mas não consegui dar sequência como gostaria.
Anotei todos numa lista e, somando itens e subitens, são 21 no total — além do meu trabalho hoje em dia.
Quando você trabalha com criatividade, ideias não costumam faltar. Difícil mesmo é filtrar e escolher em quais focar. Sem esse filtro, é como se estivéssemos operando com uma série de abas abertas no computador.
Se pular de uma para outra com muita frequência, você não evolui tão bem em nenhuma. Depois de um tempo, acaba se sobrecarregando e pode terminar numa tela azul chamada Burnout.
Sempre que saio para caminhar meus quase 7km em uma hora e não levo fones de ouvido, me lembro de um conto de ficção que faz parte de um desses projetos.
Nunca falha.
Como a ideia nasceu exatamente ali, às vezes tenho ideias para melhorar o conto e, outras vezes, apenas me lembro que ele continua encostado.
Quando a ideia de melhoria é boa, sempre anoto para não perder e me prometo que “depois de tal coisa, voltarei para finalizar”.
Alguns anos atrás, entendi que tenho o perfil de um inovador experimental: não trabalho tão rápido quanto gostaria, faço inúmeros rascunhos e tenho bastante dificuldade de alcançar minha própria satisfação.
Paul Cézanne, um dos mais importantes pintores impressionistas, também era assim. Ele até evitava assinar seus quadros para não admitir a si mesmo que havia terminado.
Por capricho do destino e meu, ainda não voltei.
Estamos sempre organizando as coisas e dizendo “depois de tal coisa, vai ficar mais fácil e vou me organizar melhor”.
O que aprendi é que não vai ficar muito mais fácil do que hoje. Especialmente se você convive com um Planejador, Executor, Analista e Comunicador na sua mente.
Depois dessa tal coisa, se tudo der certo, costuma aparecer outra para consumir seu tempo e energia.
Sempre planejamos para amanhã, mas os problemas costumam surgir hoje.
O discurso motivacional entraria para dizer que você precisa começar agora, feito é melhor que perfeito e blá blá blá.
Eu prefiro dizer que o ideal é não se enganar.
Dependendo do seu momento, não dá para tocar e fazer tudo o que você gostaria de fazer. Se você for como eu, que tem o hábito de empilhar ideias, é quase certo que nunca vai dar para fazer tudo o que gostaríamos.
Em vez de se prometer que vai começar depois de tal coisa, é melhor lembrar que não será tão mais fácil assim nesse momento.
Existe paz em aprender a contemplar o caos.
Certa vez, ouvi o Chuck Palahniuk dizer num podcast que um dos maiores inimigos de um escritor (ou criador) é não dar vazão às suas ideias. É como se o acúmulo de ideias não realizadas transformasse o gênio da lâmpada em demônio.
Esse pode ser apenas um nome mais assustador para a ansiedade de fazer acontecer.
O discurso motivacional também poderia entrar com tudo aqui, mas prefiro acreditar no charme de contemplar o caos.
Alguns anos atrás, era comum escutarmos que nunca tivemos acesso a tanta informação com tanta facilidade na história. Com a revolução da Inteligência Artificial que estamos vivendo, isso só se intensificou.
Se ter ideias nunca foi tão fácil, talvez, seguir com elas nunca tenha sido tão difícil.
Essa é a Síndrome do “Vem Aí”.
Anunciar projetos novos, hoje em dia, é ridiculamente fácil. Só que é mais fácil ainda cair no erro de escrever uma série de prefácios e nenhum livro.
Na era digital, o “vem aí” raramente é conjugado no passado.
Foi por isso que não tivemos nosso encontro duas semanas atrás.
Até ensaiei escrever esta edição e te enviar, mas não me senti à vontade para escrever um prefácio enquanto falava sobre isso.
Não seria honesto comigo, nem com você.
Então, dei uma olhada na lista dos 21 projetos e escolhi um para dar sequência: um manifesto, com vários artigos, sobre o que eu acredito quando o assunto é Escrita, Criação de Conteúdo, Marketing e Creator Economy.
A última edição que você recebeu na semana passada (Vale a pena apostar todas suas fichas em um “viral”?) faz parte desse manifesto.
Troquei o futuro pelo gerúndio no “vem aí”.
Tem pelo menos mais 4 ideias na minha lista de pautas e rascunhos que também serão parte desse projeto.
Enquanto contemplo o caos, não pretendo deixá-los como rascunho por muito mais tempo.
Um dos podcasts que eu mais escuto é o Divã de CNPJ, do Facundo Guerra, porque ele fala sobre empreendedorismo com um viés menos capitalista e eu nem achava que isso era possível.
Num episódio lançado em março, a Sandra Chayo contou a história da Hope, uma marca de roupa que transformou a vida de várias mulheres.
Para ser bem sincero, eu não conhecia a Hope antes do episódio, mas foi uma conversa maravilhosa sobre inovação e marketing.
Pode apertar o play, ou salvar para escutar depois, que vale a pena.
O link do Spotify é esse aqui.
Se me permite um palpite, tem boas chances dessa ser a música que eu mais escutei no ano de 2023 quando chegarmos em dezembro.
Pode me cobrar quando sair a retrospectiva do Spotify.
Uma das minhas bandas preferidas, The Gaslight Anthem, estava em hiato desde 2015 e lançou a primeira música inédita em 9 anos.
Nesse intervalo, o vocalista Brian Fallon teve um projeto solo mais puxado para o acústico e o folk.
Um micro devaneio aqui: essa transição do Brian Fallon para uma versão mais leve entrou num carrossel recente que criei, com direito a uma história bem curiosa que você pode ler aqui.
O retorno deles, por enquanto, me parece o meio-termo perfeito entre o som mais pesado da banda e o tom mais suave que ele encontrou no projeto solo.
Pode ser apenas empolgação de fã falando, mas Positive Charge foi a melhor música inédita que escutei em 2023.
1. Saiu um novo trailer de Oppenheimer, próximo filme do Christopher Nolan e tá maravilhoso. Lembrando que o Nolan disse em entrevistas que não usou computação gráfica para recriar a bomba atômica. Esse provavelmente vai valer o preço do IMAX. [Veja o trailer]
2. Quando você pensa em empatia, qual trabalho você diria que mais exerce empatia no dia a dia? A Bruna Cosenza publicou algo que me fez enxergar uma atividade de forma diferente. [Leia aqui]
3. Um fã recriou Star Wars no estilo do Wes Anderson com um trailer de um minuto, achei sensacional e olha que nem gosto de Star Wars 🤷🏻♂️ — com destaque para versão do Darth Vader nesse novo universo. [Veja aqui]
4. Caso não tenha visto… o que costuma acontecer com a criatividade quando buscamos demais pelo “formato perfeito”? Para responder essa pergunta, deixa eu te contar uma história. [Leia aqui]
"Certa vez, ouvi o Chuck Palahniuk dizer num podcast que um dos maiores inimigos de um escritor (ou criador) é não dar vazão às suas ideias. É como se o acúmulo de ideias não realizadas transformasse o gênio da lâmpada em demônio."
isso bateu forte aqui!
"Na era digital, o 'vem aí' raramente é conjugado no passado."
Pedrada!
Dimi, é redundante dizer que você produz conteúdo de valor demais...
Sorte de quem te acompanha!
E como cereja de bolo ainda lançou uma foto dos tempos áureos do futebol italiano, cê é louco, coisa linda...
Mais uma NEWS (para o delírio de DALLECK) incrível VEIO AÍ!