Duas semanas atrás, no dia 31 de outubro, um texto do
ressoou forte por aqui: “Os não-sabidos últimos.”Se teve uma última (não-sabida) vez em que meu pai me carregou no colo, naquele dia 31, eu estava carregado de sabidos últimos.
Na madrugada do dia seguinte, arrancaria de volta para Belo Horizonte numa viagem de 12 horas de carro e era minha despedida de Goiânia.
A última ida à academia que frequentei por 1 ano e 4 meses, o último “tchau, tchau, até mais” para a recepcionista como se fosse voltar no dia seguinte, a última caminhada pelo Parque Flamboyant e as últimas melhores lembranças de Goiânia que guardo com carinho.
Era a pauta perfeita para uma sabida última newsletter escrita em solo goiano, mas não tive tempo.
Fui consumido — em parte pela mudança, em parte pelo CNPJ — e a última newsletter goianiense foi mais uma não-sabida última (ao som de É o Tchan e João Gordo).
Essa tem sido uma máxima por aqui nos últimos anos: muito CNPJ, muitas mudanças, pouco CPF.
Quem tá por aqui há mais tempo talvez se lembre de uma sina que eu tenho com o mês de novembro: desde que me lembro (2017), sempre é um mês de grandes mudanças.
2024 não foi diferente.
Até tentei planejar a volta à Belo Horizonte para Dezembro, mas a Luísa recebeu uma bela proposta de trabalho e não pôde esperar.
Nas primeiras horas de novembro, já começava a grande mudança que me aguardava e deixávamos Goiânia pela — até então — sabida última vez.
Quando você sabe que é a última vez, é mais especial. Com o banco de trás do carro transformado em porta-malas, demos uma sabida última volta de carro pelo Parque Flamboyant e fizemos uma viagem de 12 horas que pareceu muito mais curta.
A capital goiana nos recebeu bem demais nesses 1 ano e 4 meses que vivemos lá, e guardo muito mais saudades de lá que da capital paulista.
Acabou que a enorme distância de amigos, família, o trabalho remoto e suas longas jornadas acabaram me ilhando.
Fui a dois shows do Gusttavo Lima, porque ele tocou no quintal da minha casa (Estádio Serra Dourada) duas vezes.
No mais, não tive tempo.
Não tive tempo para um último buteco para me despedir de uma grande amiga que mora lá (oi, Áquila) — outro não sabido último.
De volta à BH e ainda organizando a mudança, o momento é de voltar a ter tempo, apreciar sabidos primeiros e me despedir de mais alguns sabidos últimos.
Em breve, te conto mais sobre esses novos sabidos últimos.
Agora, preciso arrumar minha mala para um sabido último que se tornou um inesperado primeiro.
O SWU de 2010 foi a única oportunidade em que vi uma das bandas que mais me marcou ao vivo. Voltar a ver um show do Linkin Park em 2024 nem entraria numa lista de coisas que eu menos esperaria do ano, de tão impossível que parecia, mas veio aí.
Queria muito ter aberto a última newsletter goiana dizendo “enquanto você lê, estou atravessando Goiás de volta para minha terra natal”.
Como não tive tempo, posso fechar esta dizendo que estou na estrada a caminho de São Paulo para encontrar a Luísa e rever grandes amigos que andaram um pouco sumidos nos últimos 7 anos.
Da melhor forma de visitar a capital paulista: passagem de ida e volta compradas, e com um intervalo curto entre as duas datas.
Um abraço e até breve,
Sê bem-vindo de volta, senhor :)
Uma sabida sabedoria esse texto, gostei.