Edições anteriores da Escreva sua Marca:
Raio X do LinkedIn: as principais oportunidades para ter resultados na maior rede profissional do mundo
Éramos órfãos antes de sermos filhos dessas músicas
Estamos chegando em um ponto que, em breve, os textos podem passar a vir com um disclaimer assim: este texto não foi escrito por uma Inteligência Artificial.
Mas será que poderia ser?
Desde que o ChatGPT estourou, ele é um dos temas mais falados.
Se você não acompanhou nenhuma discussão sobre ele ainda, é uma espécie de chat da UOL — agora, entreguei minha idade — com uma base de dados gigantesca, que responde suas perguntas e seus comandos via texto.
Basicamente, ele gera textos a partir de conversas, responde perguntas e realiza tarefas como traduções e resumo de textos, com base em dados da internet e sua capacitação.
Foi ele, inclusive, quem escreveu boa parte da descrição do que ele faz a partir do comando “Escreva de forma bem resumida o que é o ChatGPT” — tirando a parte do chat da UOL.
Com o comando certo, é assustador o que ele consegue entregar.
Uma das melhores provas que vi foi esse vídeo do Ryan Reynolds, que pediu para o ChatGPT escrever um anúncio para a Mint Mobile, que fosse adaptado para ser lido na sua voz.
E para responder logo de cara a pergunta sensacionalista que levantei no título:
O ChatGPT é uma ameaça para escritores e redatores?
A resposta não foge tanto do discurso repetido desde a revolução industrial, quando processos manuais e repetitivos começaram a ser automatizados.
A novidade sempre esteve na atualização do que seria manual.
Escrever 10 sugestões de títulos para um texto, por exemplo, não pareceria uma tarefa mecânica e que podemos terceirizar para um robô alguns anos atrás.
Agora, é uma realidade. Posso copiar todo esse texto após terminá-lo e pedir para o ChatGPT sugerir variações de títulos (inclusive, fiz questão de fazer isso para testarmos juntos e você verá as sugestões mais abaixo).
Posso ainda pedir para ele sugerir uma estrutura do texto e, a partir da estrutura, dar o comando para a ferramenta desenvolver cada um dos tópicos.
E não demora para ter o texto completo.
Então, esse é um raro caso que uma pergunta sensacionalista de um título não é respondida com um definitivo “não”. Alguns escritores e redatores podem, sim, ser substituídos pelo ChatGPT.
Escritores e redatores sintéticos?
Algumas etapas, processos e métodos de escrita já podem ser automatizados: quanto mais seus textos forem baseados em fórmulas e templates, mais rápido uma I.A. pode te substitur.
Não estou dizendo que vai acontecer de imediato, mas que pode acontecer e me arrisco a dizer que não vai demorar tanto tempo assim, porque o ChatGPT ainda está em versão Beta.
Se ele já entrega um texto completo hoje com algumas falhas, não vai demorar tanto para essas falhas diminuírem e, quem sabe, sumirem.
Até porque, agora, todos nós estamos que testamos a ferramenta acabamos treinando a Inteligência Artificial por trás do ChatGPT.
Então, um caso que vejo como bem delicado é o do redator que escreve textos otimizados para o Google sem domínio da parte estratégica.
Boa parte do seu trabalho é pesquisar um termo específico, estudar bastante os principais resultados que aparecem, elaborar uma pauta e escrever um texto que responda aquela dúvida.
Acontece algo parecido com o copywriter que apela demais para fórmulas e gatilhos. E com o contador de histórias que segue uma única fórmula, como a Jornada do Herói.
É justamente na hora de seguir fórmulas que a IA pode superar um redator, um escritor ou um criador de conteúdo.
E com o ChatGPT assumindo esses de textos, caímos em um novo problema.
Textos sintéticos e artificiais?
Se a criatividade da I.A. é baseada num banco de dados, ela somente vai conseguir repetir e modelar conteúdos que já existem. Então, estamos diante de um risco de massificação de textos óbvios e repetitivos, que não necessariamente checam suas fontes.
Mas, olhando à nossa volta nas redes sociais…
Isso já aconteceu independentemente de qualquer ferramenta de Inteligência Artificial, não?
ChatGPT, escreva uma legenda motivacional para complementar essa frase de efeito que vi na internet;
ChatGPT, escreva uma breve reflexão sobre a efemeridade da vida e a importância da última celebridade que faleceu;
ChatGPT, escreva uma fanfic para o LinkedIn. Pra ser mais específico, escreva uma reflexão sobre encontrar oportunidades para crescer na carreira após se molhar na chuva — como o Vitor Peçanha fez nesse post aqui.
E poderíamos seguir preenchendo essa lista por horas com textos sintéticos que a IA poderá passar a escrever a partir de agora. Se é que já não está escrevendo.
Talvez, isso ganhe até mesmo um reflexo positivo.
Quando a discussão sobre os podcasts fakes estourou, por exemplo, ela colocou nos holofotes como as pessoas estavam forjando entrevistas para fabricar uma imagem de maior importância e autoridade.
Não demorou para nos questionarmos se os vídeos que aparecem são de podcasts verdadeiros, ou se são apenas monólogos encenados.
A mesma coisa pode acontecer agora enquanto consumimos conteúdo.
— Será que esse texto foi escrito pelo ChatGPT? E se esse texto parece ter sido escrito por IA, será mesmo que é um conteúdo que quero consumir?
Como consumidores, o segredo não foge do senso crítico: muitas pessoas reclamam da qualidade dos conteúdos nas redes sociais, mas poucas se esforçam para filtrar o que chega até elas.
Repare que nem entrei na discussão de originalidade vs. plágio dos textos produzidos dessa forma.
Mas, se um redator fizesse uma colagem de vários conteúdos que ele encontrou sem um processo criativo por trás, seria plágio? Eu certamente iria preferir se ele compartilhasse suas referências.
E você pretende aderir ao ChatGPT?
Depois de interagir bastante com a ferramenta nos últimos dias, ainda não sei dizer o quanto vou usá-la no dia a dia para processos mais manuais. Na escrita em si, acredito que ainda não.
Fiz, inclusive, alguns testes com trechos de um conto de ficção que estou escrevendo e o retorno que tive foram textos extremamente expositivos, narrando de forma explícita em vez de deixar os detalhes falarem por si só.
Pode ser um ponto de partida? Talvez, mas não acredito que deve ser a versão final.
Além de um possível processo por copiar outros trabalhos da base de dados do ChatGPT, um risco que não estou disposto a correr é o de viciar meu processo criativo.
Quanto mais alguém insiste em terceirizar etapas de um texto para a IA, mais dependente daquela tecnologia ela vai se tornar. Até chegar num ponto que somente será possível escrever algo em parceria com o ChatGPT.
Será que vale a pena?
Da mesma forma que vale tomar cuidado com o extremo de se viciar na ferramenta, acho válido também não fechar as portas.
Num próximo momento que precisar de algum ajuste bem específico para um texto, ou talvez um título, arrisque experimentar o ChatGPT.
Talvez, ele acabe te ajudando.
Se não, vai reforçar que sua versão original era melhor mesmo.
Essa é uma discussão que poderíamos estender por horas e horas sem maiores dificuldades.
Por enquanto, vale encerrar com a melhor pergunta que vi alguém fazer ao novo oráculo.
Eduardo Lopes: explique por que os escritores não deveriam ter medo da concorrência da inteligência artificial.
ChatGPT: (…) porque a IA ainda não é capaz de criar conteúdo com a mesma criatividade e emoção que os seres humanos. Ela (…) ainda não é capaz de criar histórias complexas e intrigantes ou de escrever com a voz única de um escritor. Além disso, a IA não tem a capacidade de se relacionar com os leitores de forma humana e autêntica, o que é fundamental para construir uma base de fãs leais. A IA é uma ferramenta valiosa para escritores, mas não é uma ameaça para eles.
Adorei a ousadia no “ainda não é capaz de…”
Então, não vamos terceirizar para a IA o que ainda podemos fazer melhor que ela e, assim, ela não se torna uma ameaça.
Qual título o ChatGPT daria para essa edição da Escreva sua Marca?
Depois de copiar e colar todo o texto anterior, pedi ao ChatGPT para escrever 10 sugestões de títulos para o texto abaixo:
(…)
"O fim dos escritores e redatores: A chegada do ChatGPT"
"ChatGPT: A ameaça à profissão de escritor?"
"Escrita sintética: A evolução da inteligência artificial na literatura"
"O impacto do ChatGPT na escrita humana"
"O futuro da escrita: Escritores sintéticos?"
"Os desafios da automatização da escrita com o ChatGPT"
"ChatGPT: A nova era da escrita"
"Textos sintéticos x escrita humana: O impacto do ChatGPT"
"A revolução da escrita com o modelo de linguagem ChatGPT"
"A escrita nunca mais será a mesma: O avanço do ChatGPT".
Por enquanto, ainda prefiro o meu.
Um convite para você que leu até aqui
Especialmente para você, que prefere não terceirizar o que ainda podemos fazer melhor que a Inteligência Artificial, as inscrições para a 13ª turma do curso de Escrita Criativa e Storytelling estão abertas.
São mais de 12h de videoaulas para você aprender tudo o que precisa para colocar sua voz em seus textos e escrever com mais autenticidade, para prender a atenção de seus leitores da 1ª até a última palavra.
Clicando aqui, você pode conferir todas as informações sobre o curso e também um vídeo onde te apresento ele por dentro.
Vale reforçar que o Escrita Criativa e Storytelling não está sempre de portas abertas. A 12ª edição do curso aconteceu em Agosto de 2022 e as inscrições para a 13ª estão abertas até o dia 14/02.
Aproveite para conhecer o curso e tirar todas as suas dúvidas enquanto tá em tempo de garantir sua inscrição.
Se quiser fazer qualquer pergunta, sinta-se em casa. No canto inferior direito da página, tem um chat para você falar diretamente comigo.
Para se inscrever, é só clicar no botão abaixo.
Uma playlist para dias agitados
Por vários dias em 2023, me acostumei a trabalhar ao logo de um prédio em construção com todo o barulho de obra que se tem direito — incluindo às 7h da manhã em pleno sábado.
Então, criei uma playlist aos poucos com músicas bem calminhas. De preferência, com uma voz bem leve e alguns dedilhados.
Essa playlist acabou virando trilha sonora oficial dos meus últimos dias e, se quiser conferir, tá na mão.
Uma dica bônus para dias ainda mais agitados: aperte o play nela junto com um site ou aplicativo de barulho de chuva — eu uso o Rainy Mood Lite (versão Android).
Olha, vou confessar, essa edição deixou meu café da tarde um pouco mais sombrio. Mas faz parte, vai passar hahaha.
Penso algumas coisas:
- Quanto tempo levaria para esse "ainda" se transformar em "já"?
Porque até lá, muitas coisas podem acontecer. Novas funções podem ser criadas para os redatores e criadores de conteúdo.
- Será que os leitores vão pegar ranço de textos escritos pela IA?
Sabe, da mesma forma que fico louca da vida quando tenho que ligar para uma empresa para resolver um problema e não consigo ou tenho que esperar horas para conseguir falar com um ser humano.
- Tá, mas e as histórias pessoais?
Quando compartilho insights tirados de experiências pessoais, isso gera conexão com as pessoas e pode até inspirá-las. Se o ChatCPT fizer isso, os leitores não vão se sentir enganados?
- Será que vai existir uma diferenciação similar ao que acontece com os produtos artesanais e os produzidos em larga escala?
Isso pode ser bom, porque o "texto artesanal" (feito por uma pessoa) pode ganhar um status superior. Por outro lado, o artesanal quase sempre é mais caro, menos conhecido, às vezes até considerado privilégio para poucos. E todo mundo compra produtos produzidos em larga escala.
Pronto, desabafei.
Este comentário foi escrito por um ser humano 💁♀️
É, meus colegas. Muita coisa pra digerir, hein? Acho que você falou algo nesse sentido, Dimi: quanto mais testarmos a I.A., mais inteligente ela vai ficar e aí vira meio que um caminho sem volta.
Penso também que, quem é autêntico e se preocupa com o seu processo de criação, não será substituído. Mas, quem só funciona à base de gatilhos e fórmulas, tem grandes chances de "ser engolido" pela máquina.
Não tive muita oportunidade de fazer testes (porque o site estava fora do ar na maioria das vezes), mas preciso confessar que essas mudanças são assustadoras sim.